terça-feira, 30 de agosto de 2016

Verdades das Forças de Operações Especiais





            A caveira cravada no seu peito representa muito mais que um símbolo de status, é um sinal de responsabilidade com a doutrina, que tiveram a oportunidade de conhecer todos os seus limites e os superar e nem por isso, lhe faz se sentir melhor ou pior que outras pessoas, mas lhe carrega de um sentimento capaz de certificar que juntos são imbatíveis. Agora são esses os escolhidos para atuar como o último nível de “força” empregada pelo Estado. E uma verdade é certa, missão dada é missão cumprida, se fosse fácil não seria nossa missão. Eles são treinados para o pior cenário ou situação. Sem saber que era impossível foi lá e fez. 
O homem de operações especiais deve estar bem equilibrado emocionalmente. Outro fator de relevância, vivido pela tropa de especiais, é a constante mobilização e desmobilização em prontidões, fato que exige equilíbrio emocional, pois nem todos policiais conseguem viver a ansiedade de estar em constante iminência de emprego e não operar.

            Dunningan (2008)  cita "Quatro Verdades das Forças de Operações Especiais".
Você vai perceber que, independente da sua área de atuação a aplicação destas verdades o deixará mais propício ao êxito e ao sucesso. São elas:
1 – Os homens são mais importantes que o material.
2 – A qualidade prepondera sobre a quantidade.
3 – As forças de Operações Especiais não podem ser produzidas em massa.
4 – Forças de Operações Especiais não podem ser improvisadas após a eclosão de uma crise.

            Operar com recursos e equipamentos de última geração qualquer operador consegue. Agora em meio a dificuldades, desafios e perigos  e ainda membros da corporação torcer contra ou criticar ė algo que necessita ter preparo e ser audaz. Solucionar problemas através da criatividade e força de vontade ė algo para poucos,  somente aqueles que atingiram uma maturidade são capazes. Ter disciplina ė fundamental, Errar faz parte,  mas ter disciplina para consertar o erro rapidamente e prosseguir na missão. Operações Especiais ė isso " ousar lutar e querer vencer ė meta. A disciplina,  determinação, disposição e proatividade são algumas características do homem de Operações Especiais e algo que merece destaque é que a força de vontade supera a falta de meios, ou seja, independente das circunstancias a missão será cumprida.
         Os homens de Operações Especiais não querem ser reconhecidos pelo distintivo que agora recebem, mas sim pela sua atitude, pelo seu empenho, pela forma de progredir, de olhar, de se comunicar, de trabalhar em equipe, isso os irá diferenciá-los e principalmente, os manter vivos. As missões e ocorrências com elevado grau de risco no de altíssima complexidade, o que torna sua atividade de elevada periculosidade para seus operadores que carregam a responsabilidade de proteger os cidadãos. Na busca pelo êxito em cada missão  segue uma reflexão  de Aristóteles  "Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito."
           Na atividade policial uma pequena parcela faz parte de grupos que são viciados em chegar onde a maioria não chega, o vício principal do grupo é cumprir missões especiais. Uma vez que você se torna um deles e participa de um curso de Op Esp. é o suficiente para estar viciado..." Porém não são chamados de "dependentes de algo" e sim são chamados de " HOMENS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS. Em muitos cursos de operações especiais é comum o instrutor dizer  --- “Lúcifer criou o CAOS, então Deus disse: Nasçam os Homens de Operações Especiais”.



* Siderley Andrade de Lima: É consultor de segurança patrimonial, pós graduando em Gerenciamento de Crises, graduado do curso de Gestão em segurança privada pela Universidade Paulista, Diplomado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, idealizador do blog sobre segurança http://gestorsegurancaempresarial.blogspot.com/; Colunista do site de segurança www.dicaseg.com; Membro da ABSEG- Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, autor dos livros:  “Manual Básico do Instrutor de Armamento  Tiro”, “ Sobrevivência Policial no Confronto Armado e “ Manual de Segurança Preventiva “, Manual de Consultoria em Segurança empresarial” e Patrulhamento Tático”
siderleyandrade@yahoo.com.br

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Livros publicados por guardas municipais

Guardas municipais autores de livros.


Autor: Siderley Lima
Pós graduando em Gerenciamento de Crises, graduado em  Gestão em Segurança ; Diplomado em Políticas e Estratégias pela Escola Superior de Guerra; Extensão Universitária em Prevenção do Uso de Drogas – Capacitação para Conselheiros e Lideranças pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) É consultor de segurança , instrutor de armamento e tiro, colunista e palestrante.   Foi graduado do Exército. É Guarda civil municipal de Jandira, ex-subcomandante, é Gestor de de cursos e treinamentos da GCM de Jandira.

Autor dos seguintes livros: 
- Manual Básico do instrutor de armamento e tiro; 
- Sobrevivência policial no confronto armado;
- Manual de Segurança preventiva;
- Manual de Consultoria em Segurança Empresarial;
- ROMU - Patrulhamento Tático nas GCMs. 
- II Coletânea de Segurança Empresarial (Co-Autor) 







Autor: Claudio Frederico de Carvalho 
Bacharel em Direito, pela Universidade UTP, habilitações específicas em Direito Civil e Direito Penal. Pós-Graduado em Ciência Política e Desenvolvimento Estratégico, IMEC. Pós-Graduado em Direito Público, UniBrasil e Escola da Magistratura Federal do Paraná. Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG-PR) XXX CEPE. Inspetor da Guarda Municipal de Curitiba, e Docente dos Cursos de Formação Técnico-Profissional para Guarda Municipal de Curitiba e Região Metropolitana – Disciplinas: Direito Penal, Termo Circunstanciado e Direito Constitucional. Conselheiro da Associação dos Servidores Públicos do Estado do Paraná. Ex-Conselheiro Municipal da Cultura da Paz - Prefeitura Municipal de Curitiba. 


Livros do autor
- Estatuto Geral da Guarda Civil Municipal - Regimento Interno
- Trabalhos Monográficos - Guarda Municipal Agente da Cidadania
- II Regulamento de Uniformes - Guarda Municipal de Curitiba
- Guarda Municipal " O policiamento preventivo como atividade jurídica constitucional
- Guarda Municipal " O que você precisa saber e nunca teve a quem perguntar 






Autor : Oséias Francisco da Silva 
Graduação: - Filosofia pela Universidade Metodista de São Paulo; - Psicanálise pela Sociedade Brasileira De Psicanálise E Terapias Alternativas; - Mestrando em Políticas Públicas - Faculdade Latina Americana de Ciências Sociais - Perseu Abramo - Pós Graduado em Gestão de Segurança Pública pela Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo. - Pós Gestão de Políticas Públicas e Gestão de Pessoas (Fainc) - Pós Graduando em Estado, Gestão e Políticas Públicas, Fundação Perseu Abramo.

Livros do autor
-  Segurança Pública como Projeto Socioeducacional
- Um novo modelo de segurança para o Brasil.
- O Segredo de Amar;
- Demo e Crácia: Democracia um Presente de Grego 






Título: Guardas Municipais - A Revolução na Segurança Pública
Autor: Maurício Domingues da Silva (Naval) 

Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, Presidente da ONG Segurança da Vida, Organizador do movimento Marcha Azul Marinho, idealizador do Portal das Guardas Municipais.

A obra narra a trajetória do autor na luta pela realidade da Polícia Municipal do Brasil através das Guardas Municipais, pois perdeu 3 filhos assassinados, vítimas da violência, defende o ideal azul marinho sob o lema que "violência requer prevenção, Guardas Municipais, já!"




Título: Guarda Municipal
Autor: Carlos Alexandre Braga


Bacharel em Direito; Pós Graduado em Direito Processual Civil pela FMU; Foi membro fundador e 1º Vice-Presidente Executivo do Conselho Nacional das Guardas Municipais, Inspetor Regional efetivo da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo.É autor do livro “GUARDA MUNICIPAL Manual de Criação organização e Manutenção, Orientações Administrativas e Legais”, Atualmente é Presidente da Associação das Guardas Municipais do Estado de São Paulo, Presidente do Conselho Nacional das Guardas Municipais do Brasil no Estado de SP. Atualmente é Secretário de Segurança Pública e Trànsito  da cidade de Cosmópolis





Título: Guarda Civil Metropolitana - O Presente é o Futuro
Autor: Jonas de Souza

Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo Jornalista e  Tecnólogo em Propaganda e Marketing, técnico eletrônico com especialização em telecomunicações. A obra retrata a evolução das Guardas Municipais na História, e o desenvolvimento da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, com relatos e fotos que marcaram a trajetória da Corporação.






Título: Guarda Municipal, sim, senhor. Um novo caminho
Autor: Alírio Vilas Boas
Oficial do Exército Brasileiro, Pedagogo, Educador Popular da Rede Pública (PUC/SP), Ex-Comandante da Guarda Civil de São Caetano do Sul (SP). Este livro, embora dirigido especialmente aos Guardas Civis Municipais, não deveria ser exclusivo para eles, mas sim, para todos que lidam com seres humanos. Sem dúvida aos que atuam na Área de Segurança, quer Pública ou Privada, principalmente. Adaptar as noções básicas de Segurança, às exigências da atualidade é fundamental nesta obra. Ela se estende também ao cidadão comum, em seu atribulado dia-a-dia. 





Título: Segurança Urbana - Gestão MunicipalAutor: Alírio Vilas Boas

A obra discorre de forma clara, direta e objetiva sobre temas complexos nos dias de hoje, sequestro, segurança pessoal e patrimonial. Aborda assuntos sobre Guarda Civil Municipal, vigilante e cidadão comum, demonstra maturidade de quem conhece e trabalha na área de segurança com competência e criatividade. Ferramenta que pode ser usada por todos, dando oportunidade de conhecimento, aprimoramento e prevenção, do profissional leigo no assunto. Excelente instrumento para condução de todos ao caminho da segurança almejada.



             

Titulo: Educação Socioambiental e Sustentabilidade
Autor: Isaías Faro ( GCM de Campinas )

Foram aproximadamente 30 anos de estudo e militância que levaram o guarda municipal Isaías Faro, ao lado do irmão, Ciro, a se dedicar a produzir um livro para debater algumas das principais questões ambientais e a consequência da ação humana sobre o meio ambiente. A obra “Educação Socioambiental e Sustentabilidade” se propõe a impulsionar a reflexão e a conscientização dos leitores. Trabalho esse que começou com a prática em escolas de ensino fundamental e médio de Campinas. “O objetivo das palestras era conscientizar os jovens a estabelecer uma convivência saudável com a natureza e a importância da preservação da biodiversidade”, explica Isaías.




Titulo: Segurança Urbana
Autor GM Luis Ubirajara Abreu da Guarda Municipal de Porto Alegre-RS.











Título: Administração Pública dos Municípios e os efeitos do Estatuto Geral das Guardas Municipais
Autor: J.R. Caires 
Subinspetor da GCM Rio de Janeiro, graduado em Direito, pós graduado em Especialização  Adm Pública











Titulo O estranho
Autor: Alex Damasceno Ferreira 

Guarda municipal e graduado em Psicologia, Alex Damasceno Ferreira é autor do livro “O Estranho”, publicado pela editora O Lutador. Alex constrói uma história de suspense e emoção em uma viagem libertadora. 



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Patrulhamento Tático: Definição e características

Patrulhamento Tático: Definição e características
*Siderley Lima


A doutrina de Patrulhamento Tático é voltada na distribuição de funções entre operadores de uma equipe, valoriza o treinamento constante, estabelece diretrizes de conduta e de atuação nas mais diversas atividades desenvolvidas, desde as abordagens a pessoas ou veículos, procedimentos em diversos locais (em atendimento de ocorrência ou não), técnicas de observação durante o patrulhamento de alto risco, dentre outras.

Definição de Patrulhamento tático: Equipe de atuação especializada no patrulhamento motorizado, tem por finalidade  realizar um apoio tático as demais viaturas ou equipes a pé ou em bases do policiamento ostensivo setorial/radio-patrulha, escolar,etc. Com maior numero de integrantes sendo 03 ou 04 agentes proporcionando uma força de impacto no apoio, utilizando um efetivo com treinamento especializado, uma doutrina e postura  especifica , realiza um patrulhamento mais ágil e rápido, com equipamentos próprios e em condições de agir preventiva ou mais enérgica nas situações mais graves e/ou nos locais de com um maior numero de ocorrências criminais. Atua ainda em ocorrências de grande complexidade  como roubo a bancos, ocorrências com reféns, escolta de presos, Controle de distúrbios civis, segurança em grandes eventos.

O que faz o trabalho de patrulhamento tático ser mais eficiente e ágil não é a melhor e maior viatura,  a boina, o braçal  e “ cara feia”. A diferença está na postura, doutrina, disciplina,  lealdade e procedimentos empregados durante o atendimento nas ruas. A vontade de trabalhar nas mais diversas ocorrências em especial no combate aproximado com a a criminalidade é o diferencial.

Outra característica são as ações da equipe que são pautadas nos seguintes fatores:agilidade, flexibilidade, dinamismo, rapidez e precisão.

 Técnica: Conjunto dos métodos e conhecimentos práticos essenciais a execução da atividade policial;
     -   Tática: Maneira ou forma de atuação ao empregar o grupo com ordem, rapidez, habilidade, e mútua proteção, em outras palavras é a arte de empregar a tropa no campo de batalha com planejamento tático;
     -  Treinamento: Realizar exercícios ou treinamento continuo buscando  sempre a perfeição e estar preparado para qualquer situação.

A doutrina de patrulhamento tático molda o operador, passa a ser um profissional mais qualificado, sua postura diante das adversidades será sempre a mais adequada, os cuidados com sua segurança pessoal e da equipe são redobrados, há obtenção de melhores resultados já que cada policial sabe o que, onde e quando agir, desta forma o serviço se torna mais eficiente, operacional e com resultados satisfatórios e profissionais motivados.

* GCM Siderley Lima: pós graduando em Gerenciamento de Crises, graduado do curso de Gestão em segurança privada pela Universidade Paulista, consultor de segurança, Supervisor da Seção de Cursos da GCM de Jandira, instrutor e integrante da ROMU, Diplomado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, idealizador do blog sobre segurança http://gestorsegurancaempresarial.blogspot.com/; Colunista do site de segurança www.dicaseg.com; Membro da ABSEG- Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, autor dos livros:  “Manual Básico do Instrutor de Armamento  Tiro”, “ Sobrevivência Policial no Confronto Armado e “ Manual de Segurança Preventiva “, Manual de Consultoria em Segurança empresarial” e Patrulhamento Tático”
siderleyandrade@yahoo.com.br

A capacitação e preparo de um homem" Operações Policiais Especiais

A CAPACITAÇÃO DAS UNIDADES POLICIAIS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

Por Rodrigo Müller*

O recrudescimento da criminalidade exige do poder constituído medidas adequadas e enérgicas para combater de forma ampla as causas e os efeitos que as ações delitivas impõem à sociedade. O empirismo das estratégias e ações policiais têm cedido lugar a atuações melhor planejadas e cientificamente embasadas em aspectos doutrinários.
Quando as Unidades Policiais (UPs) convencionais são insuficientes para atuar em situações de crise de alto risco, entram em ação as chamadas Unidades de Operações Especiais (UOEsps). As UOEsps por sua natureza, são embasadas em uma mística própria, com doutrinas, táticas e técnicas peculiares que as transformam em entidades únicas nos contextos dos diversos organismos policiais aos quais estão vinculadas, muitas vezes adquirindo características próprias que as apartam do meio policial ordinário, criando uma espécie de policial com motivações diversas das de seus pares genéricos.
A Doutrina de Operações Especiais foi idealizada com o objetivo de forjar Operadores mais capacitados no atendimento de ocorrências de alto risco, crises com reféns dentre outras situações de alta complexidade.
A Doutrina de Operações Especiais
A doutrina tem como finalidade precípua orientar, sistematizar e coordenar todas as atividades das Operações Especiais, estabelecendo as bases para a organização, o preparo e o emprego destas Unidades especializadas.
Um princípio doutrinário importante, inerente a toda UOEsp é o que conceituamos como “Ciclo Completo das Operações Especiais”. O ciclo completo das Operações Especiais (FIGURA) são características e etapas pelas quais todas as Unidades de Operações Especiais devem passar. Quando efetivamente implantado, mostra a maturidade do grupo, conseguindo atingir todos os estágios de sua evolução.
A primeira etapa deste ciclo é TREINAR. O grupo em sua formação deve treinar, buscando a formação inicial dos Operacionais. Preferencialmente, deve buscar o auxílio de outra UOEsp para a formação básica de seus integrantes. Historicamente observamos essa tradição, tendo como exemplos a Força Delta dos Estados Unidos da América, que foi formada pelos SAS (Special Air Service) britânico, a SWAT de Los Angeles pelos Fuzileiros Navais (Marines), entre outros.
Após a formação básica dos Operacionais, a UOEsp deve manter o treinamento com o objetivo de definir sua doutrina própria. Neste momento, a Unidade envia seus integrantes para diversas outras UOEsps, visando reunir táticas e técnicas de diversas correntes doutrinárias, obtendo conhecimento, comparando realidades e definindo suas necessidades tendo em vista suas características regionais.
Concomitante a esta etapa, a UOEsp deve estar já OPERANDO, ou seja, pondo em prática todos os ensinamentos obtidos na fase inicial de treinamento. É operando que os integrantes da Unidade poderão efetivamente observar se as técnicas aprendidas funcionam dentro de suas realidades. O conhecimento é testado a todo instante, a fim de fortalecer o que foi compreendido e que deve ser incessantemente checado, visando reforçar a doutrina há pouco estabelecida.

Com sua doutrina própria estabelecida, reforçada pelos treinamentos constantes, já tendo obtido experiência de forma individual pelos integrantes e coletiva pelas Operações realizadas, a Unidade passa a DAR TREINAMENTO. Este último estágio do Ciclo completo das Operações Especiais garante que as experiências obtidas nas outras duas fases poderão ser aproveitadas por outras UOEsps, em um processo de renovação constante, onde aprimoram-se tanto os que recebem quanto os que ministram o treinamento.

O treinamento em Operações Especiais
Em Operações Especiais, o treinamento é dividido em 3 aspectos básicos: O treinamento físico, o treinamento técnico e o treinamento tático.
O treinamento físico é a base para o treinamento de atletas, esportistas e profissionais do esporte. Através do treinamento físico é que se condiciona o corpo para a prática esportiva, para atividades de impacto ou esportes de alta performance, aumentando a força e a massa muscular, diminuindo o percentual de gordura, aumentando a flexibilidade, melhorando as capacidades aeróbica e anaeróbica, enfim, melhorando o condicionamento físico geral.

Assim, entendemos que os objetivos do treinamento físico dos Operadores de Unidades de Operações Especiais são basicamente os seguintes:
a)    Desenvolver, manter ou recuperar a aptidão física do Operador, necessárias para o bom desempenho das missões de Operações Especiais;

b) Contribuir para a saúde do Operador, garantindo o treinamento físico como fonte de diminuição do stress físico e psicológico;

c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento físico como um instrumento de padronização de movimentos técnicos, deslocamento de grupo e trabalho em equipe.

b)      As técnicas utilizadas em Operações Especiais são as empregadas na utilização de equipamentos, habilidades e procedimentos que também são executados por profissionais convencionais. O que as diferencia basicamente é a performance obtida, eis que os Operadores devem sempre ser os mais qualificados e de melhor desempenho na aplicação das técnicas.

c)       Como exemplo, temos a técnica de tiro, que basicamente é a mesma, na utilização de uma arma de fogo. O mesmo processo técnico de efetuar um disparo com uma pistola é feito pelo convencional e pelo Operador, mas o desempenho não pode ser o mesmo. O Operador, pelas características de sua missão, deve possuir um desempenho acima da média do que se espera do convencional. O Operador pelas características de sua missão, possui muito menos chances de errar um alvo, sem colocar-se em risco imediato, ou a um terceiro.

Assim, entendemos que os objetivos do treinamento técnico dos Operadores de Unidades de Operações Especiais são basicamente os seguintes:

a) Desenvolver, manter ou otimizar a coordenação motora do Operador, auxiliando-o na compreensão dos movimentos necessários para o bom desempenho das técnicas empregadas nas Operações Especiais;

b) Aperfeiçoar ao nível máximo as habilidades individuais dos Operadores em cada modalidade técnica de Operações Especiais, bem como as habilidades coletivas, visando a maestria da Unidade em suas funções;

c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento técnico como um instrumento de padronização da doutrina da Unidade.

Para as Operações Especiais, táticas são as habilidades e procedimentos extraordinários aos convencionais, aplicados aos equipamentos, estratégias e planejamentos, diferentes dos aplicados em ações e por profissionais convencionais.

Assim, a tática empregada por uma UOEsp para a tomada de uma edificação difere diretamente daquela empregada por uma Unidade convencional, tanto em sua aplicabilidade, como em seus equipamentos, planejamento e procedimentos utilizados.
As opções táticas estão sempre vinculadas as possibilidades técnicas, uma vez que estas dependem das habilidades desenvolvidas pelos Operadores e pela Unidade.

Escolher a tática de inserção helitransportada no terraço de uma estrutura tomada como fortaleza por perpetradores de um evento criminoso sem que o Grupo tenha o conhecimento técnico de como fazê-lo, não transformará este M.O.E. (método de entrada) em algo possível, pela ausência de domínio da técnica de como fazê-lo.
Da mesma forma, o domínio da técnica vertical de rapel é completado com a habilidade tática de inserção em um ambiente vertical (edifício) através de uma janela, adicionando assim ao Grupo de Assalto uma possibilidade de invasão não-convencional, típica das Operações Especiais.
Dessa forma, é importante separar o conceito de tática do de estratégia, para as Operações Especiais.
No treinamento tático, busca-se desenvolver os sistemas mais complexos, tanto ofensiva quanto defensivamente, por intermédio das estratégias. Essa relevância é atribuída à definição de uma doutrina prévia da Unidade, determinando suas ações e procedimentos, que balizarão o direcionamento do treinamento e a forma de executá-lo.
Dessa forma, entendemos que os objetivos do treinamento tático dos Operadores de uma Unidade de Operações Especiais são basicamente os seguintes:

a) Desenvolver, manter ou otimizar o conjunto de táticas disponíveis aos Operadores, auxiliando-os na compreensão das técnicas disponíveis bem como novo emprego tático das mesmas, fundamentais para o bom desempenho nas Operações Especiais;
b) Aperfeiçoar ao nível máximo as habilidades táticas individuais dos Operadores em cada técnica de Operações Especiais empregadas pela Unidade, visando a maestria em suas funções;
c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento tático como um instrumento de padronização de sua doutrina.

d) Desenvolver novas formas de emprego de táticas especiais para a obtenção do sucesso nas ações empregadas pela Unidade.
O objetivo do treinamento nas UOEsps é também aprimorar a memória muscular dos Operadores.
A memória muscular está relacionada com a memória procedimental, ou seja, é a memória dos atos motores, do saber fazer alguma coisa. É a memória para hábitos ou habilidades e está ligada a aquisições de vivências que fornecem ao indivíduo a capacidade de evocar as experiências passadas, resgatando as informações do comportamento motor para realizar da melhor maneira possível, por uma necessidade imposta ao indivíduo, realizar um evento no tempo presente.

Ela está relacionada ao condicionamento clássico, a repetição de movimentos, sendo ativada por determinados estímulos, fazendo o indivíduo agir mecanicamente.

Dessa forma, o treinamento constante das técnicas e táticas especiais, faz o Operador responder quase que mecânica e instintivamente os procedimentos e movimentos que podem salvar a sua vida ou a de outrem, durante uma situação de crise. Incorporar nos treinamentos técnicos e táticos exercícios que priorizem o desenvolvimento desta memória procedural facilita o aprendizado do Operador e garante que seu tempo de reação será o mínimo possível e sempre dentro das doutrinas técnicas estabelecidas pela Unidade.


Rodrigo Müller, advogado, Especialista em Segurança Pública (RENAESP/UNEMAT), presidente da Müller Consultoria & Treinamento, atua há mais de 15 anos na capacitação de Unidades Policiais de alto nível, grupos de operações especiais