A
CAPACITAÇÃO DAS UNIDADES POLICIAIS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
Por Rodrigo Müller*
O recrudescimento da
criminalidade exige do poder constituído medidas adequadas e enérgicas para
combater de forma ampla as causas e os efeitos que as ações delitivas impõem à
sociedade. O empirismo das estratégias e ações policiais têm cedido lugar a atuações
melhor planejadas e cientificamente embasadas em aspectos doutrinários.
Quando as Unidades Policiais
(UPs) convencionais são insuficientes para atuar em situações de crise de alto
risco, entram em ação as chamadas Unidades de Operações Especiais (UOEsps). As
UOEsps por sua natureza, são embasadas em uma mística própria, com doutrinas,
táticas e técnicas peculiares que as transformam em entidades únicas nos
contextos dos diversos organismos policiais aos quais estão vinculadas, muitas
vezes adquirindo características próprias que as apartam do meio policial
ordinário, criando uma espécie de policial com motivações diversas das de seus
pares genéricos.
A Doutrina de Operações
Especiais foi idealizada com o objetivo de forjar Operadores mais capacitados no
atendimento de ocorrências de alto risco, crises com reféns dentre outras
situações de alta complexidade.
A
Doutrina de Operações Especiais
A doutrina tem como
finalidade precípua orientar, sistematizar e coordenar todas as atividades das
Operações Especiais, estabelecendo as bases para a organização, o preparo e o
emprego destas Unidades especializadas.
Um princípio doutrinário
importante, inerente a toda UOEsp é o que conceituamos como “Ciclo Completo das
Operações Especiais”. O ciclo completo das Operações Especiais (FIGURA)
são características e etapas pelas quais todas as Unidades de Operações
Especiais devem passar. Quando efetivamente implantado, mostra a maturidade do
grupo, conseguindo atingir todos os estágios de sua evolução.
A primeira etapa deste ciclo
é TREINAR. O grupo em sua formação deve treinar, buscando a formação inicial
dos Operacionais. Preferencialmente, deve buscar o auxílio de outra UOEsp para
a formação básica de seus integrantes. Historicamente observamos essa tradição,
tendo como exemplos a Força Delta dos Estados Unidos da América, que foi
formada pelos SAS (Special Air Service) britânico, a SWAT de Los Angeles pelos
Fuzileiros Navais (Marines), entre outros.
Após a formação básica dos
Operacionais, a UOEsp deve manter o treinamento com o objetivo de definir sua
doutrina própria. Neste momento, a Unidade envia seus integrantes para diversas
outras UOEsps, visando reunir táticas e técnicas de diversas correntes
doutrinárias, obtendo conhecimento, comparando realidades e definindo suas
necessidades tendo em vista suas características regionais.
Concomitante a esta etapa, a
UOEsp deve estar já OPERANDO, ou seja, pondo em prática todos os ensinamentos
obtidos na fase inicial de treinamento. É operando que os integrantes da Unidade
poderão efetivamente observar se as técnicas aprendidas funcionam dentro de
suas realidades. O conhecimento é testado a todo instante, a fim de fortalecer
o que foi compreendido e que deve ser incessantemente checado, visando reforçar
a doutrina há pouco estabelecida.
Com sua doutrina própria estabelecida, reforçada pelos treinamentos constantes, já tendo obtido experiência de forma individual pelos integrantes e coletiva pelas Operações realizadas, a Unidade passa a DAR TREINAMENTO. Este último estágio do Ciclo completo das Operações Especiais garante que as experiências obtidas nas outras duas fases poderão ser aproveitadas por outras UOEsps, em um processo de renovação constante, onde aprimoram-se tanto os que recebem quanto os que ministram o treinamento.
O treinamento em Operações Especiais
Com sua doutrina própria estabelecida, reforçada pelos treinamentos constantes, já tendo obtido experiência de forma individual pelos integrantes e coletiva pelas Operações realizadas, a Unidade passa a DAR TREINAMENTO. Este último estágio do Ciclo completo das Operações Especiais garante que as experiências obtidas nas outras duas fases poderão ser aproveitadas por outras UOEsps, em um processo de renovação constante, onde aprimoram-se tanto os que recebem quanto os que ministram o treinamento.
O treinamento em Operações Especiais
Em Operações Especiais, o
treinamento é dividido em 3 aspectos básicos: O treinamento físico, o
treinamento técnico e o treinamento tático.
O treinamento físico é a
base para o treinamento de atletas, esportistas e profissionais do esporte.
Através do treinamento físico é que se condiciona o corpo para a prática
esportiva, para atividades de impacto ou esportes de alta performance,
aumentando a força e a massa muscular, diminuindo o percentual de gordura, aumentando
a flexibilidade, melhorando as capacidades aeróbica e anaeróbica, enfim,
melhorando o condicionamento físico geral.
Assim, entendemos que os objetivos do treinamento físico dos Operadores de Unidades de Operações Especiais são basicamente os seguintes:
Assim, entendemos que os objetivos do treinamento físico dos Operadores de Unidades de Operações Especiais são basicamente os seguintes:
a)
Desenvolver, manter ou recuperar a aptidão
física do Operador, necessárias para o bom desempenho das missões de Operações
Especiais;
b) Contribuir para a saúde do Operador, garantindo o treinamento físico como fonte de diminuição do stress físico e psicológico;
c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento físico como um instrumento de padronização de movimentos técnicos, deslocamento de grupo e trabalho em equipe.
b) Contribuir para a saúde do Operador, garantindo o treinamento físico como fonte de diminuição do stress físico e psicológico;
c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento físico como um instrumento de padronização de movimentos técnicos, deslocamento de grupo e trabalho em equipe.
b) As
técnicas utilizadas em Operações Especiais são as empregadas na utilização de
equipamentos, habilidades e procedimentos que também são executados por
profissionais convencionais. O que as diferencia basicamente é a performance
obtida, eis que os Operadores devem sempre ser os mais qualificados e de melhor
desempenho na aplicação das técnicas.
c) Como
exemplo, temos a técnica de tiro, que basicamente é a mesma, na utilização de
uma arma de fogo. O mesmo processo técnico de efetuar um disparo com uma
pistola é feito pelo convencional e pelo Operador, mas o desempenho não pode
ser o mesmo. O Operador, pelas características de sua missão, deve possuir um
desempenho acima da média do que se espera do convencional. O Operador pelas
características de sua missão, possui muito menos chances de errar um alvo, sem
colocar-se em risco imediato, ou a um terceiro.
Assim, entendemos que os
objetivos do treinamento técnico dos Operadores de Unidades de Operações
Especiais são basicamente os seguintes:
a) Desenvolver, manter ou otimizar a coordenação motora do Operador, auxiliando-o na compreensão dos movimentos necessários para o bom desempenho das técnicas empregadas nas Operações Especiais;
b) Aperfeiçoar ao nível máximo as habilidades individuais dos Operadores em cada modalidade técnica de Operações Especiais, bem como as habilidades coletivas, visando a maestria da Unidade em suas funções;
c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento técnico como um instrumento de padronização da doutrina da Unidade.
Para as Operações Especiais, táticas são as habilidades e procedimentos extraordinários aos convencionais, aplicados aos equipamentos, estratégias e planejamentos, diferentes dos aplicados em ações e por profissionais convencionais.
Assim, a tática empregada por uma UOEsp para a tomada de uma edificação difere diretamente daquela empregada por uma Unidade convencional, tanto em sua aplicabilidade, como em seus equipamentos, planejamento e procedimentos utilizados.
a) Desenvolver, manter ou otimizar a coordenação motora do Operador, auxiliando-o na compreensão dos movimentos necessários para o bom desempenho das técnicas empregadas nas Operações Especiais;
b) Aperfeiçoar ao nível máximo as habilidades individuais dos Operadores em cada modalidade técnica de Operações Especiais, bem como as habilidades coletivas, visando a maestria da Unidade em suas funções;
c) Auxiliar no adestramento da Unidade, utilizando o treinamento técnico como um instrumento de padronização da doutrina da Unidade.
Para as Operações Especiais, táticas são as habilidades e procedimentos extraordinários aos convencionais, aplicados aos equipamentos, estratégias e planejamentos, diferentes dos aplicados em ações e por profissionais convencionais.
Assim, a tática empregada por uma UOEsp para a tomada de uma edificação difere diretamente daquela empregada por uma Unidade convencional, tanto em sua aplicabilidade, como em seus equipamentos, planejamento e procedimentos utilizados.
As opções táticas estão
sempre vinculadas as possibilidades técnicas, uma vez que estas dependem das
habilidades desenvolvidas pelos Operadores e pela Unidade.
Escolher a tática de inserção helitransportada no terraço de uma estrutura tomada como fortaleza por perpetradores de um evento criminoso sem que o Grupo tenha o conhecimento técnico de como fazê-lo, não transformará este M.O.E. (método de entrada) em algo possível, pela ausência de domínio da técnica de como fazê-lo.
Escolher a tática de inserção helitransportada no terraço de uma estrutura tomada como fortaleza por perpetradores de um evento criminoso sem que o Grupo tenha o conhecimento técnico de como fazê-lo, não transformará este M.O.E. (método de entrada) em algo possível, pela ausência de domínio da técnica de como fazê-lo.
Da mesma forma, o domínio da
técnica vertical de rapel é completado com a habilidade tática de inserção em
um ambiente vertical (edifício) através de uma janela, adicionando assim ao
Grupo de Assalto uma possibilidade de invasão não-convencional, típica das
Operações Especiais.
Dessa forma, é importante
separar o conceito de tática do de estratégia, para as Operações Especiais.
No treinamento tático,
busca-se desenvolver os sistemas mais complexos, tanto ofensiva quanto
defensivamente, por intermédio das estratégias. Essa relevância é atribuída à
definição de uma doutrina prévia da Unidade, determinando suas ações e
procedimentos, que balizarão o direcionamento do treinamento e a forma de
executá-lo.
Dessa forma, entendemos que
os objetivos do treinamento tático dos Operadores de uma Unidade de Operações
Especiais são basicamente os seguintes:
a) Desenvolver, manter ou otimizar o conjunto de táticas disponíveis aos Operadores, auxiliando-os na compreensão das técnicas disponíveis bem como novo emprego tático das mesmas, fundamentais para o bom desempenho nas Operações Especiais;
a) Desenvolver, manter ou otimizar o conjunto de táticas disponíveis aos Operadores, auxiliando-os na compreensão das técnicas disponíveis bem como novo emprego tático das mesmas, fundamentais para o bom desempenho nas Operações Especiais;
b) Aperfeiçoar ao nível
máximo as habilidades táticas individuais dos Operadores em cada técnica de
Operações Especiais empregadas pela Unidade, visando a maestria em suas funções;
c) Auxiliar no adestramento
da Unidade, utilizando o treinamento tático como um instrumento de padronização
de sua doutrina.
d) Desenvolver novas formas de emprego de táticas especiais para a obtenção do sucesso nas ações empregadas pela Unidade.
O objetivo do treinamento
nas UOEsps é também aprimorar a memória muscular dos Operadores.
A memória muscular está
relacionada com a memória procedimental, ou seja, é a memória dos atos motores,
do saber fazer alguma coisa. É a memória para hábitos ou habilidades e está
ligada a aquisições de vivências que fornecem ao indivíduo a capacidade de
evocar as experiências passadas, resgatando as informações do comportamento
motor para realizar da melhor maneira possível, por uma necessidade imposta ao
indivíduo, realizar um evento no tempo presente.
Ela está relacionada ao
condicionamento clássico, a repetição de movimentos, sendo ativada por
determinados estímulos, fazendo o indivíduo agir mecanicamente.
Dessa forma, o treinamento constante das técnicas e táticas especiais, faz o Operador responder quase que mecânica e instintivamente os procedimentos e movimentos que podem salvar a sua vida ou a de outrem, durante uma situação de crise. Incorporar nos treinamentos técnicos e táticos exercícios que priorizem o desenvolvimento desta memória procedural facilita o aprendizado do Operador e garante que seu tempo de reação será o mínimo possível e sempre dentro das doutrinas técnicas estabelecidas pela Unidade.
Rodrigo Müller, advogado, Especialista em Segurança Pública (RENAESP/UNEMAT), presidente da Müller Consultoria & Treinamento, atua há mais de 15 anos na capacitação de Unidades Policiais de alto nível, grupos de operações especiais
Dessa forma, o treinamento constante das técnicas e táticas especiais, faz o Operador responder quase que mecânica e instintivamente os procedimentos e movimentos que podem salvar a sua vida ou a de outrem, durante uma situação de crise. Incorporar nos treinamentos técnicos e táticos exercícios que priorizem o desenvolvimento desta memória procedural facilita o aprendizado do Operador e garante que seu tempo de reação será o mínimo possível e sempre dentro das doutrinas técnicas estabelecidas pela Unidade.
Rodrigo Müller, advogado, Especialista em Segurança Pública (RENAESP/UNEMAT), presidente da Müller Consultoria & Treinamento, atua há mais de 15 anos na capacitação de Unidades Policiais de alto nível, grupos de operações especiais
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